Sou neta de mulheres prendadas! De múltiplas habilidades, a maioria das representantes do mundo feminino da época era qualificada para assumir o posto de RAINHAS DO LAR antes do casamento. Lavar, passar, cozinhar, costurar, tricotar, reformar as roupas, educar os filhos eram alguns dos predicados imprescindíveis. Ufa… pensando que à época não havia edifícios, as mulheres também cuidavam dos seus jardins, da horta, e ainda tinham tempo pra colocar bobs no cabelo e jogar cartas com as amigas. Sim, provavelmente, viviam felizes!
Os tempos mudaram, e a próxima geração feminina já lutava por um espaço no mercado de trabalho. Porém, contudo, todavia, acumulavam funções e seguiam um terceiro turno de trabalho em casa. Mas ainda havia uma grande parcela de mulheres donas de casa, e acredito que assumiam este posto sem grande orgulho.
Próxima geração: a minha! Enquanto minha mãe se desdobrava em mil pra dar conta do dia-a-dia (filhos, jardim, marido, casa, cachorro, gato, papagaio, roupa limpa, feijão arroz e carne na mesa), eu observava que as avós eram mulheres mais “manuais”; o tricô, crochê, costura e culinária eram presenças habitués nas suas casas. Minha geração foi criada e educada para assumir independência do cônjuge (se o tivesse, é claro), e lá em casa as opções por cursos de formação não abrangiam um vasto leque de possibilidades. Assim me qualifiquei advogada, enquanto, em casa, ensaiava alguns dotes culinários (logo abandonados, pois o marido sempre foi mais hábil e jeitoso na cozinha). Em compensação, minhas mãos me proporcionaram um mundo de outras possibilidades – com elas dei às meninas festinhas fofas e caseiras de aniversário, participei ativamente nas funções de mãe na escola, pintei e restaurei móveis e outras invenções. Mas demorei pra entender que poderia, sim, buscar atividade profissional alternativa da minha formação acadêmica, ou que poderia aliar várias Lucianas numa só.
Em maio de 99 ganhei minha primeira Singer. Mãe há pouco tempo, me vi radiante com o presente no meu primeiro dia das mães! Enquanto as amigas ganharam uma joia, um livro, um perfume caro de presente, pedi uma máquina de costura, e sei que meu presente foi visto com olhares alheios que não compreendiam esse ato! Veja só como o tempo é implacável – eu, neta de mulheres prendadas, jamais havia pensado em costurar! A vida tem suas surpresas não é verdade? Não lembro o que minhas avós disseram quando contei sobre o presente, mas acredito que tenham entendido essa reconexão com o tempo delas.
Minha geração resgatou esse amor pelo fazer a mão, e voltou a lutar no mercado de trabalho, dessa vez para retornar à suas origens prendadas. Essa busca pelo manual apresentou novas possibilidades, e nós, mulheres modernas, profissionais qualificadas em universidades, pós graduadas, nos reconectamos com as origens e referências familiares. Somos as artesãs do século XXI, somos modernas, usamos unhas vermelhas, pretas ou sem esmalte, pintamos o cabelo, cuidamos dos filhos, dos parceiros, e, sobretudo, de nós mesmas!
Obrigada Singer, por fazer parte da minha história! Há exatos 18 anos divido meus planos e desejos criativos com vocês!
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Lu Gastal. Como sempre escrevendo textos admiráveis e profundos que toca o coração.
Gosto muito de trabalhos criativos. Quero comprar uma máquina da Singer para tentar colocar algumas habilidades à tona. Tinha uma máquina Singer, cuja pertencia a minha mãe, entretanto doei-a para alguém que tinha habilidade mas, não tinha condiçoes de adquirir o produto.Entretanto só comprarei em uma representante da Singer, cuja tenha alguns cursos.